É um susto por dia a vida de quem está de olho no mercado de veículos neste começo de ano. Seja para adquirir um carro zero ou para comprar um seminovo, os preços subiram de patamar e seguem em tendência de alta.
A gente sabe que, de saída, um carro já é um item que tem um custo considerável. E, quando a economia global vive um momento de ajuste e de reorganização – como está ocorrendo atualmente, as avaliações e ponderações para essa aquisição se tornam ainda mais importantes.
Para ajudar você a entender os preços dos carros nesse cenário atual tão complexo, preparamos um conteúdo especial. Acompanhe!
Depois de um 2020 muito difícil para a atividade econômica mundo afora, 2021 tinha tudo para ser o ano de retomada pujante do setor industrial de modo global.
No entanto, quando começaram as demandas de aquisição de autopeças por parte das montadoras, o setor percebeu que ao redor do mundo muitas empresas que forneciam equipamentos (especialmente derivados de borracha e chips eletrônicos – os chamados semicondutores) acabaram fechando as portas depois do tombo de 2020.
O encerramento das atividades de muitas empresas provocou uma desarticulação da cadeia de suprimentos. Porém, quem conseguiu se segurar e voltou a produzir viu a demanda aumentar e teve a oportunidade de maximizar os resultados (o aço, por exemplo, chegou a ficar 30% mais caro em abril de 2021, quando se compara com dezembro de 2020). Em resumo: ficou difícil de encontrar diversas peças no mercado. E, quando são encontradas, estão mais caras.
No entanto, não é apenas este o fator de alta dos veículos novos no Brasil. O país vem enfrentando também, por conta das instabilidades políticas, uma crise cambial.
Enquanto em dezembro de 2019, antes da explosão da pandemia, o dólar estava na faixa dos R$ 4,20, o final de 2021 cravou a cotação no patamar de R$ 5,60.
Essa alta na cotação eleva os custos de importação de suprimentos e de veículos prontos. Consequentemente, os preços subiram de forma considerável nas concessionárias.
Pra quem tem um carro usado ou um seminovo, a situação também é surpreendente. Considerando as tabelas FIPE de dezembro de 2020 e dezembro de 2021, é possível encontrar modelos que tiveram valorização de até 50%. E por que isso aconteceu? Justamente pela escassez de modelos novos e da alta nos preços de produção. Essa ruptura faz com que a substituição de carros seminovos por modelos zero quilômetro nas famílias fique mais difícil. Com isso, o mercado de usados também fica inflacionado.
Trocando em miúdos, é o seguinte:
1) faltam carros novos no mercado;
2) quem tem um carro em bom estado, ao ver o preço de um novo, fica com o atual;
3) o número de carros usados disponíveis para comercialização também cai;
4) para conseguir manter as operações, mesmo vendendo menos, os donos de lojas sobem os preços dos poucos carros em estoque.
Engana-se quem pensa que essa alta no preço dos usados seja uma exclusividade do Brasil. Nos Estados Unidos, em novembro do ano passado, o custo médio de um carro de segunda mão bateu a marca de US$ 25 mil. Ao longo do segundo semestre do ano, a alta média no preço dos carros usados nos EUA foi de R$ 200 por mês.
O ano de 2022 promete trazer algumas dificuldades na gestão dos preços de automóveis. São três os fatores que impedem uma redução rápida dos preços:
- A normalização da cadeia de suprimentos do setor deve ser lenta pelo mundo afora;
- A inflação sobre insumos de aço, borracha e resinas, por exemplo, não deve recuar, e os preços dificilmente vão retornar aos patamares de 2019;
- As incertezas políticas no Brasil devem manter o dólar em um patamar elevado pelo menos até julho.
Em uma entrevista de outubro de 2021 ao jornal O Estado de S. Paulo, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), estimou que os preços dos veículos novos podem começar a ter uma baixa apenas a partir do segundo semestre de 2022.
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